"Prostituição e vagabundagem", Vicente Piragibe, 1928

"Preciso é curar o mal sem prejudicar o corpo enfermo: erraria o esculapio que, antes de cauterisar a ferida, não estudasse as resistencias organicas; muitas vezes, a ulcera, que ninguem vê, tem raizes tão extensas quem desapparecida por algum tempo, explode com violencia maior, surgindo em pelono rosto, numa exposição repugnante." (p. 9)
E continua:
"Claro está que, accossada das alcovas, corrida dos lupanares, expulsa dos alcouces, perseguida nas pensões em que se alberga, a protituição teria que vir para a praça publica, para os hoteis, para as casas de diversões, exhibindo-se impudentemente, na semi-nudez que os reclamistas da moda se encaregam de annunciar como ultimo modelo. Graças a isso, vae ella se infiltrando, confundindo-se, insinuando-se, na sua obra de perversidade e de dissolução e, como propaganda, apparecem as escolas de dansas e outras semelhantes, funccionando em pleno dia, nas ruas mais centraes da cidade, ao som dos jazzes atroadores, para ensinar, ao desordenado do batuque, os passos inestheticos do charleston, do black-bloton e do u-kê-lé-lé, copiados dos cabarets de Nova-York, de Londres e Paris, exhibidos em algumas salas elegantes e reproduzidos photographicamente nos semanarios de maior procura." (p. 11)
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1. Copiei no blog em 6 de novembro de 2006, com a ortografia do exemplar disponível na estante de livros raros da Unicuritiba, quando trabalhava lá.
2. Já imaginou viver num tempo em que a agressão ao bom gosto musical e estético era representada pelo charleston?
3. O mundo gira, mas continua o mesmo.
4. Tudo já foi dito antes.

Comentários

  1. O que o autor diria se vivesse hoje, num tempo de tchu e tchá? Neste pornto -e em alguns muitos outros, rs - a humanidade declina.

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