Blog de quinta: Livrada! do Yuri

Minha nossa. Tem ocasiões em que me sinto muito velha. Entro num blog novo de resenhas, olho a foto que o blogueiro colocou na página do "Quem faz" e só descubro que é de um famoso, e não do blogueiro, quando me falam... "Mas é o cara do Restart!"

Isso mais ou menos uns seis meses depois de eu estar seguindo e lendo as resenhas e "vendo na imaginação" o figura todo colorido escrevendo coisas que não tem nada a ver com o visual. E achando mó legal essa incongruência: "Poxa, Sharon, você é muito preconceituosa, não é porque o menino é novo e tem um cabelo boboca que é boboca, uai."

Ai ai ai. Tsc tsc tsc. Apaga tudo, esquece essa história e vamos ao que interessa, né. O "contiúdo". Conteúdo que o Yuri, seja lá como for que ele se pareça, põe semanalmente no Livrada! O nosso blog de quinta de hoje.

resenha de "Ninguém me convidou"
Então que eu tive essas duas discussões com senhores muito sérios no Gauchão de Literatura sobre resenhas livres, com piadas, sarcásticas, irônicas, superiores, etc etc. Que lá é tudo muito sério e os dois ou três corajosos que tiveram a audácia de colocar um pouquinho de si nas resenhas levaram chumbo do venerável público. E eu ia lá dizer que não, que assim que era bom, chato isso de resenha tudo igual, tudo ensaio, tudo acadêmico, tudo artigo pro lattes. Internet que somos, livres sejamos, piadas façamos, risos risamos, sinceros sejamos. Se é pra todo mundo ser legal com todo mundo façam um rotary e não um site.

Mas divago, que o assunto é. Livrada! Então. São resenhas com piadinhas limpas. Do tipo que você faz com o seu filho ou com a priminha de seis anos. Mas levando o livro bem a sério. É difícil definir... não é aquele estilo irônico, "tenho inteligênica privilegiada", como você ouve de seus amigos mais nerds, tipo eu. É humor simples. E provavelmente com mais inspiração que transpiração... seguindo o jorro. Um estilo parecido com o da Anne, só que no lugar dos filhos e da barriga e do peito e do mamá e do xixi estão os livros e escritores e leitores e palavras. Mais ou menos assim:

Sobre "A filha do canibal" de Rosa Monteiro:
"Paralelo à investigação sobre o desaparecimento do maridão, Lúcia relembra sua vida, incluindo o fato que não lhe escapa que dá nome ao livro: seu pai comeu carne humana quando foi um dos únicos sobreviventes de uma expedição aí que já não lembro pra onde. Francamente, não sei qual é o problema. Eu sou uma daquelas pessoas que não tem remorso de comer boizinho, porquinho, galinha, churrasco de gatinho, enfim, se for gostoso, tô comendo. E isso incluiria, hipoteticamente, carne humana também. Mas enfim, pesquisei sobre isso, a parada é ilegal e não vou ficar falando disso porque logo vem um zé Mané querer me enquadrar no artigo 287."
resenha do Chabadabadá
Sobre "Complô contra a América" do Philip Roth:
"Além do mais, esse tipo de ficção histórica é o melhor do Roth, porque vamos combinar que essa onda de velho priáprico xarope já deu, né? Sérião, tio, não precisa bater no peito e gritar que você não toma Viagra. Vai resolver tuas pendengas no psicólogo e livra a gente dessas auto-afirmações literárias. Esses recortes da infância dele são muito bons, ele não se mete a escrever difícil, não come ninguém, não fica naquela punheta mental sobre a velhice e a morte, enfim, é um Philip Roth sóbrio, comportado e com um tiquinhozinho de nada a menos de medo do que ele sente no dia-a-dia."
E sobre leituras e leitores, na resenha do "Como funciona a ficção?" do James Woods:
"Supondo, é claro, que ninguém lê livro pra falar que leu, pra fazer vista na estante ou para pegar as gatinhas, é óbvio que todo mundo quer ler um livro de uma forma “melhor”. E esse papo de que não importa como você leia nem o quê, contanto que você leia só funciona e é bonitinho até os 20 anos. Depois é bom começar a tomar vergonha na cara e parar de achar que você está ficando mais inteligente por ler Cebolinha."
Febeapá
Viu, Agripas? Até os 20 dá pra dar desconto, tá? Você é que amadureceu cedo. A gente era feliz com a Coleção Vagalume até a sétima série e vamos continuar tendo saudades disso até sempre.

E então que eu briguei com os sisudos do gauchão porque eu gosto de um deboche mesmo, tá? Tipo quando "o vírus do parasita do cocô do cavalo do bandido desenhado na areia dura por um bebê etíope com bosta de vaca anêmica" é capaz de escrever a mesma coisa que um "grande escritor", alguém tem que dizer, oras. Bolas. Melação é pra chá beneficente e banca de dissertação de mestrado, como eu já disse.

Que né, tem que ter alguém pra dizer que:

"valter hugo mãe é um angolaaaaaaaaaaaaano (que saudade desse quadro do Zorra Total) radicado em Portugal que, como todo bom escritor português, quer dar uma estuprada na língua materna. Um incesto gramatical, se preferir. Na boa, essa apropriação do português que fazem Saramago, Lobo Antunes, ele e o resto da patota tá levando a literatura além da nossa bundamolice nacional. Ficamos aqui com nossos bukowskis-wanna-bes e ficamos pra trás bonito nessa disputinha entre nações irmãs, mas tudo bem. Bola pra frente que no futebol a gente é melh… no basquete a gente ainda é melhor."

E tem entrevista com o Mutarelli, esse fofo querido amado e maluco bundadura. E tem mais bundaduras, geralmente casando com o que eu gosto, Cristóvão Tezza, Scliar, Ponte Preta, Ubaldo Ribeiro (que vai ganhar o Nobel de Literatura se não ganhar a Lygia Fagundes Telles). Enfim. ãn-fan. O menino dizendo que acha dona Lygia foda conquista meu coração. Por que é a verdade, a clara verdade e dá pra brincar e ser sério e tudo junto misturado.   E dá pra por tudo isso em textos sobre livros! Dizer que um livro é divertido de forma divertida é uma arte. Yuri San, o artista. Por mais artistas e menos lambe botas!

Vale o feed e vale ler os arquivos também. Fuçar como eu fucei muito o ano todo.

E que tal tirar fotos dos blogs de quinta e mostrar assim, que nem fosse página de revista? Gostei. Vou usar mais.


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Mais blogs de quinta:

Super Duper - Anne Rammi (nasceu o filhotinho dela dia 15 e se chama Tomás!)

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